sexta-feira, dezembro 26, 2025
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Cúpula Brasil-Caribe pede ações conjuntas contra crise climática

Em declaração divulgada nesta sexta-feira (13), os países da Cúpula Brasil-Caribe chamaram atenção para a necessidade de ações conjuntas para enfrentar as mudanças climáticas. O documento foi endereçado à 30ª Conferência das Partes (COP30), alertando para a gravidade da mudança do clima, cujo impacto crescente sobre a vida das pessoas representa uma ameaça existencial para a humanidade.

No texto, apresentado no final do encontro, que contou com a participação de 16 países da região, os integrantes advertem para o aumento da temperatura média global, que superou 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais e afeta de maneira mais forte países insulares, como diversas nações caribenhas, em razão do aumento no nível do mar.

“A mudança do clima é motivo de especial preocupação para o Caribe, pois a região é fortemente afetada por desastres naturais, agravados pela elevação do nível do mar e pela intrusão de água salgada, o que torna urgente enfrentar essas necessidades e circunstâncias específicas”, diz a declaração.

A declaração conjunta foi anunciada mais cedo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No texto, os países reconhecem, novamente, que 2024 foi o ano mais quente já registrado globalmente e que o cenário reforça a necessidade de que a resposta à mudança do clima deve ser global.

A declaração pede que os países desenvolvidos cumpram os compromissos “reiteradamente não atendidos” quanto à redução de emissões e também nas obrigações assumidas de apoio aos países em desenvolvimento, inclusive no que se refere ao financiamento climático.

Para a cúpula, o novo ciclo de Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), no qual os países se comprometem a reduzir suas emissões de gases do efeito estufa, representa uma oportunidade de renovar o compromisso com uma ação global para o enfrentamento da mudança do clima e atender ao estipulado no Acordo de Paris, para limitar o aumento da temperatura a 1,5 °C.

“Reafirmamos o compromisso com a ‘Missão 1.5’, com o objetivo de fortalecer significativamente a cooperação internacional e o ambiente propício global, de modo a estimular maior ambição, intensificar a ação e a implementação ao longo desta década crítica e manter ao alcance a meta de limitar o aquecimento global a 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais”, diz a declaração.

Mitigação

Os países também chamam atenção para a necessidade de medidas para mitigação e adaptação às mudanças climáticas, diante do aumento, em todo o planeta, de eventos climáticos extremos.

“No contexto do aumento da frequência e da intensidade de eventos extremos, enfatizamos a urgência de abordar as perdas e danos causados pelos impactos adversos da mudança do clima e de fortalecer a resposta a perdas e danos no âmbito da UNFCCC, com vistas a apoiar os países em desenvolvimento”, diz outro trecho.

A declaração aponta a necessidade do aumento do financiamento para apoiar esse tipo de resposta, especialmente nos países em desenvolvimento.

“É urgente ampliar a escala e a velocidade do financiamento climático conforme as necessidades dos países em desenvolvimento, inclusive por meio da reforma imediata da arquitetura financeira internacional. As vulnerabilidades e circunstâncias especiais dos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (SIDS) devem ser adequadamente consideradas nas decisões financeiras”, aponta o texto.

Justiça climática

O documento também ressalta a importância da justiça climática na adoção de medidas para enfrentar as mudanças climáticas e diz que os processos de transição energética justa estão diretamente relacionados “à promoção do desenvolvimento sustentável, à erradicação da pobreza e à redução das desigualdades, entre e dentro dos países.”

Além disso, a declaração reconhece as contribuições de grupos como povos indígenas, pessoas afrodescendentes, como fundamentais no debate sobre as mudanças climáticas que, com seus modos de vida tradicionais, preservam sistemas de conhecimento compartilhados e mantêm conexões profundas com suas terras nos esforços para alcançar o desenvolvimento sustentável.

O documento reconhece ainda que esses grupos, bem como comunidades locais, mulheres, jovens, crianças e pessoas com deficiência são frequentemente e de maneira desproporcional, os mais afetados pelos impactos adversos das mudanças climáticas.

“Ao mesmo tempo, estão entre os agentes mais ativos e resilientes na linha de frente da ação climática. Por isso, as transições justas para um futuro de baixo carbono devem considerar suas necessidades e circunstâncias”, pontua.

Por fim, a declaração saúda a realização, pela primeira vez, de uma conferência sobre mudança do clima na região amazônica. 

“Uniremos esforços para transformar a COP30 em um movimento de transformações financeiras, tecnológicas e sociais rumo a uma nova era na luta global contra as mudanças climáticas.”

Fonte: Agência Brasil

Moraes pede que Meta envie dados sobre perfil que seria usado por Cid

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta sexta-feira (13) que a plataforma Meta envie à Corte os dados de dois perfis nas redes sociais que supostamente teriam sido usados pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de Ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, para vazar informações sobre a delação premiada assinada com a Polícia Federal (PF) na investigação sobre a trama golpista.

A Meta deverá enviar ao STF, no prazo de 24 horas, os dados cadastrais das contas @gabrielar702 e Gabriela R, no Instagram, incluindo número de celular e outras informações, além das postagens realizadas entre 1° de maio de 2023 e 13 de junho de 2025.

A decisão foi motivada por um pedido de abertura de investigação da defesa de Cid após a revista Veja publicar que ele teria mentido no depoimento prestado na segunda-feira (9) ao Supremo. 

No depoimento, Cid foi perguntado pela defesa de Bolsonaro se tinha conhecimento sobre o perfil, que é identificado com o mesmo nome da esposa do militar, Gabriela Cid. Ele respondeu que não sabia se o perfil era de sua esposa e afirmou que não usou redes sociais para se comunicar com outros investigados. 

Os advogados do ex-presidente levantaram a suspeita de que Cid usou o perfil para vazar informações de seus depoimentos de delação. Pelas cláusulas do acordo, os depoimentos são sigilosos, e o descumprimento pode levar a penalidades, como a anulação dos benefícios, entre eles, a possibilidade de responder ao processo em liberdade.

Após a publicação da reportagem, Bolsonaro publicou uma mensagem na rede social X na qual defendeu a anulação da delação de Cid. Segundo ele, a acusação da trama golpista é uma “farsa”.

“Essa delação deve ser anulada. Braga Netto e os demais devem ser libertados imediatamente. E esse processo político disfarçado de ação penal precisa ser interrompido antes que cause danos irreversíveis ao Estado de Direito em nosso país”, escreveu.

Defesa

No pedido de investigação enviado ao STF, a defesa de Mauro Cid disse que a reportagem da revista Veja é “mentirosa”.

“Esse perfil não é e nunca foi utilizado por Mauro Cid, pois, ainda que seja coincidente com o nome de sua esposa (Gabriela), com ela não guarda qualquer relação”, garante a defesa do militar.

Fonte: Agência Brasil

STF nega recurso de mulher que pichou estátua no 8 de janeiro

Por unanimidade, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) negou nesta sexta-feira (13) o recurso da cabelereira Débora Rodrigues dos Santos contra a condenação a 14 anos de prisão pela participação nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 e por pichar a frase “Perdeu, mané” na estátua A Justiça, localizada em frente ao edifício-sede da Corte.

A defesa recorreu ao STF para alegar omissões a decisão do colegiado. Os advogados citaram que não foram descontados do tempo de pena os dois anos em que a acusada ficou presa preventivamente, a confissão de ter pichado o monumento e um terço de remissão da pena por horas de estudo, cursos de qualificação profissional e leitura de livros na cadeia.

Ao analisar os argumentos da defesa, o colegiado seguiu voto do relator, Alexandre de Moraes, e negou o recurso. O julgamento virtual começou na semana passada e foi finalizado hoje.

“Não merecem prosperar os aclaratórios que, a pretexto de sanar omissões do acórdão embargado, reproduzem mero inconformismo com o desfecho do julgamento”, decidiu Moraes.

O entendimento foi seguido pelos ministros Flávio Dino, Cármen Lúcia, Cristiano Zanin e Luiz Fux.

A cabelereira foi condenada pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, associação criminosa armada, dano qualificado e deterioração do patrimônio tombado.

Em março deste ano, Débora passou a cumprir prisão domiciliar. De acordo com a legislação, mães com filhos menores de idade podem cumprir a pena em casa.

A cabelereira é mãe de dois meninos, um de 10 anos e outro de 12 anos.

A pena de prisão definitiva ainda não foi executada.

Fonte: Agência Brasil

Moraes manda soltar ex-ministro Gilson Machado

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou soltar o ex-ministro Gilson Machado, que chefiou a pasta do Turismo durante o governo de Jair Bolsonaro. 

O político foi preso na manhã desta sexta-feira (13), no Recife, por determinação do ministro pela suspeita de tentar emitir um passaporte português para o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, delator nas investigações sobre a trama golpista. 

Após a decisão, o advogado de Gilson Machado, Célio Avelino, disse que o mandado de soltura já foi expedido. Com o documento, o ex-ministro deverá ser solto nas próximas horas.

Em substituição à prisão, Gilson deverá cumprir medidas cautelares, como comparecimento obrigatório à Justiça, cancelamento do passaporte, proibição de sair do país e de manter contato com investigados pela trama golpista. 

Pela manhã, Mauro Cid prestou depoimento à Policia Federal (PF) e negou ter a intenção de sair do país. De acordo com as investigações, a família dele embarcou para os Estados Unidos no mês passado. 

Em março deste ano, Moraes cobrou explicações do militar sobre a tentativa de obtenção do passaporte português. 

Na ocasião,  o advogado Cesar Bittencourt disse que Cid deu entrada no pedido de cidadania portuguesa no dia 11 de janeiro de 2023 (após os ataques de 8 de janeiro). Segundo a defesa, o pedido foi feito “única e exclusivamente” porque a esposa e as filhas dele já possuem a cidadania portuguesa.

Bittencourt confirmou que a carteira de identidade portuguesa foi expedida e enviada em 2024. O advogado disse ainda que “carteira portuguesa é apenas um documento de identificação”, que tem validade naquele país. 

Fonte: Agência Brasil

AGU diz que aposentados não precisam acionar justiça por conta do INSS

O governo federal espera decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) para anunciar o calendário de restituição dos descontos não autorizados em aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). 

O advogado-geral da União, Jorge Messias, reforçou, nesta sexta-feira (13), que o governo pretende devolver os valores para todos que foram lesados.

“Nós apresentamos a proposta do plano de pagamento e uma vez que esse plano seja validado e que o Supremo nos autorize a expedir um crédito extraordinário, nós vamos ter a condição de apresentar um calendário de pagamento aos aposentados e pensionistas que já buscaram o INSS, apresentaram a contestação e já tem a confirmação dos valores, inclusive com a correção monetária, a serem totalmente ressarcidos”, disse Messias ao programa A Voz do Brasil.

A Advocacia-Geral da União (AGU) ingressou com uma ação pedindo autorização ao Supremo para abertura de crédito extraordinário para devolução dos valores descontados. Esses recursos não entrariam nos limites de gastos para os anos de 2025 e 2026.

Jorge Messias também afirmou que os aposentados não precisam entrar com ação judicial para receber os valores. O governo ainda pediu ao STF a suspensão das ações em andamento e do prazo de prescrição para a devolução dinheiro. 

“Nós estamos dizendo: ‘fiquem tranquilos, o governo vai fazer o pagamento você não precisa ir ao Judiciário’. Você só vai à Justiça quando tem uma pretensão resistida. Não é o caso. O governo está garantindo o pagamento. Mas para que não haja nenhum prejuízo a nenhum aposentado e pensionista, nós pedimos a suspensão da prescrição porque nós queremos que ele seja protegido e não tenha seu direito violado”

A AGU também conseguiu que a Justiça bloqueasse quase R$ 3 bilhões de 12 entidades associativas e seus dirigentes.

A Polícia Federal (PF) estima que mais de R$ 6 bilhões foram descontados irregularmente dos aposentados entre 2019 e 2024.

Fonte: Agência Brasil

Papa apela para que Israel e Irã adotem “responsabilidade e razão”

O papa Leão XIV fez um apelo neste sábado (14) para que Israel e Irã se afastem de qualquer caminho que leve à guerra e que considerem o diálogo como alternativa para o bem comum. “Ninguém jamais deve ameaçar a existência do outro”, disse.

Em nota divulgada pelo Vaticano, o pontífice pede que ambos os países adotem como estratégia “responsabilidade e razão” e alerta que a situação se deteriorou seriamente ao longo dos últimos dias.

“Continuam chegando notícias que causam grande preocupação. A situação no Irã e em Israel se deteriorou gravemente e, em um momento tão delicado, desejo renovar veementemente um apelo à responsabilidade e à razão”, disse.

Leão XIV defendeu ainda que o compromisso de construir um mundo mais seguro, livre da ameaça nuclear, deve ser perseguido por meio de encontros respeitosos e do diálogo sincero, a fim de construir uma paz duradoura.

“É dever de todos os países apoiar a causa da paz, abrindo caminhos de reconciliação e promovendo soluções que garantam segurança e dignidade para todos”, concluiu o santo padre.

Fonte: Agência Brasil

Negociações nucleares entre EUA e Irã são canceladas

As negociações nucleares entre os Estados Unidos e o Irã, previstas para ocorrer neste domingo (15) em Mascate, capital de Omã, foram canceladas, segundo anunciou o ministro das Relações Exteriores de Omã, Badr Albusaidi, neste sábado (14). Omã tem desempenhado um papel crucial como mediador nas discussões entre Washington e Teerã sobre o programa nuclear iraniano, mas o motivo específico para o cancelamento desta rodada de negociações não foi detalhado publicamente por nenhuma das partes envolvidas.

O cancelamento ocorre em um contexto de escalada de tensões no Oriente Médio, após uma ofensiva militar de Israel contra alvos no Irã, que resultou na morte de ao menos 78 pessoas, incluindo líderes da Guarda Revolucionária, das Forças Armadas iranianas e dois cientistas nucleares, conforme relatado pela imprensa estatal iraniana. Israel justificou os ataques como uma operação para impedir o avanço do programa nuclear iraniano, que, segundo o governo israelense, tem como objetivo desenvolver armas nucleares. O Irã, por sua vez, nega tais intenções, afirmando que seu programa nuclear é exclusivamente para fins pacíficos.

A troca de ataques entre Irã e Israel intensificou-se na sexta-feira (13), com o Irã lançando mísseis balísticos em retaliação, que resultaram em pelo menos três mortes e 82 feridos em território israelense, segundo serviços de emergência de Israel. O governo iraniano acusou Israel de iniciar uma guerra com os bombardeios, enquanto Israel afirmou que o conflito se estenderá pelo tempo necessário para neutralizar a ameaça nuclear iraniana.

Apesar do cancelamento das negociações, o chanceler omanense, Badr Albusaidi, reiterou o compromisso de Omã em promover o diálogo entre as partes. “Continuaremos empenhados em facilitar conversas que busquem uma solução diplomática para o impasse nuclear”, declarou Albusaidi em comunicado ao canal X. Até o momento, nem os Estados Unidos nem o Irã emitiram comentários oficiais sobre os motivos do cancelamento ou sobre os próximos passos nas negociações.

O programa nuclear iraniano tem sido um ponto de tensão internacional há décadas. Em 2015, o Irã e seis potências mundiais, incluindo os Estados Unidos, assinaram o Plano de Ação Conjunto Abrangente (JCPOA), que limitava o programa nuclear iraniano em troca do levantamento de sanções econômicas. No entanto, em 2018, durante o primeiro mandato do presidente norte-americano Donald Trump, os EUA abandonaram unilateralmente o acordo, reimpondo sanções severas ao Irã. Desde então, o Irã intensificou o enriquecimento de urânio, chegando a níveis próximos dos necessários para a fabricação de armas nucleares, segundo relatórios da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

As negociações recentes, mediadas por Omã, buscavam retomar um diálogo para resolver as disputas sobre o programa nuclear iraniano. O Irã exige o levantamento completo das sanções econômicas e a garantia de que poderá continuar enriquecendo urânio para fins civis, enquanto os Estados Unidos demandam compromissos claros de que o Irã não desenvolverá armas nucleares. A ofensiva israelense e a resposta iraniana, no entanto, parecem ter complicado ainda mais o cenário para um possível acordo.

Fonte: Agência Brasil

Entenda as origens do conflito entre Israel e Irã

O planeta atravessa um fim de semana de suspense. Desde a noite da última quinta-feira (12), no horário de Brasília, os bombardeios de Israel a centrais nucleares, instalações militares e cidades iranianas ressuscitaram o medo de uma nova guerra no Oriente Médio. Em meio às reações do Irã, que retaliou os bombardeios, o receio de uma escalada que pode terminar em uso de armas nucleares que pode se alastrar para outras regiões.

Para especialistas ouvidos pela Agência Brasil, as origens do conflito entre Israel e Irã estão na disputa pela ampliação das esferas de influência no Oriente Médio. De um lado, um país cercado de inimigos que tem colonizado territórios de palestinos e é acusado de cometer genocídio na Faixa de Gaza. De outro, um país muçulmano xiita que passou décadas financiando grupos contrários ao Estado israelense.

O professor de Geopolítica da Escola Superior de Guerra (ESG) Ronaldo Carmona ressalta que Israel encontrou uma janela de oportunidades para debilitar o Irã, mesmo com dificuldades internas no governo de Benjamin Netanyahu. Ele ressalta que o país tem um projeto expansionista no Oriente Médio.

“O que a gente pode concluir dessa situação toda é que exatamente o Netanyahu está observando essa janela de oportunidades para realizar o seu projeto do Grande Israel, ou seja, de uma expansão territorial de Israel e de enfraquecimento dos seus adversários em todo o Oriente Médio. Ele está levando a cabo esse projeto, ainda que numa situação política precária”, explica Carmona.

Eixo de resistência

Em relação ao Irã, o professor relembra que o país comanda há décadas o eixo de resistência islâmica a Israel e que está enfraquecido após uma sucessão de golpes nos últimos anos, a maior parte patrocinado por Israel. “O eixo de resistência é exatamente esse conjunto de forças islâmicas aliadas, lideradas por Teerã, que inclui, o Hamas, o Hezbollah, os houthis no Iêmen, milícias iraquianas e incluía o antigo governo sírio de Bashar al-Assad. Isso perdurou por décadas”, ressalta.

“A destruição da capacidade do Hezbollah no sul do Líbano e, posteriormente, em combinação com a Turquia um movimento que derrubou o governo de Assad na Síria. No meio de tudo isso, trocas de tiros e de bombas entre Israel e Irã duas vezes antes do conflito atual e o acidente de helicóptero bastante atípico que matou o presidente iraniano em 2024. Tudo isso criou uma janela de oportunidades para Netanyahu agir enquanto está enfraquecido internamente”, acrescenta.

Capacidade nuclear

No pretexto do conflito atual, está o programa nuclear iraniano e a resolução aprovada na quinta-feira (12) pelo Conselho de Governadores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Segundo o texto aprovado, o Irã não cumpriu com suas obrigações de salvaguardas que permitem à agência inspecionar as instalações para garantir que não estão sendo desenvolvidas armas atômicas.

Conforme o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, o Irã estaria enriquecendo urânio a 60% e teria um estoque de 400 quilos de urânio enriquecido. A resolução foi aprovada por uma margem apertada, com 19 dos 35 países votando a favor.

Um dia depois, na sexta-feira (13), Israel atacou o país persa danificando instalações nucleares e fábricas de armamentos, matando altos militares e cientistas do país. O Irã prometeu retaliar Israel, agravando a crise no Oriente Médio.

Guerra de versões

Israel alega que Teerã está construindo bombas atômicas, que poderiam ser usadas contra Tel Aviv. O Irã nega e sustenta que usa tecnologia atômica apenas para fins pacíficos, como a produção de energia. Já Israel é um dos poucos países do mundo que não assinaram o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP).

Por outro lado, o Irã é signatário do TNP e nega que tenha violado compromissos com a AIEA. Segundo Teerã, a agência realiza uma campanha “politicamente motivada” e guiada por Grã-Bretanha, França, Alemanha e Estados Unidos, “sob influência de Israel”.

“A AIEA tem mais visitas ao Irã do que todos os países somados. O Irã permite a inspeção e tem um compromisso diplomático desde 2015 de não desenvolver armas nucleares, mas usar a tecnologia para fins específicos, como o desenvolvimento de radioisótopos para a medicina nuclear”, diz o jornalista e cientista político Bruno Rocha Lima, especializado em Oriente Médio.

“Quem nunca assinou o TNP e nunca foi fiscalizado é Israel. O general Colin Powell, que comandou a primeira invasão ao Iraque [em 2003] e era de confiança da Família Bush, diz que Israel deve ter cerca de 200 ogivas [nucleares] com mísseis”, acrescenta.

Fonte: Agência Brasil

Itamaraty tenta retirada de políticos brasileiros via Jordânia

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, conversou neste sábado (14) com o ministro das Relações Exteriores da Jordânia, Ayman Safadi, para abrir uma rota de retirada das comitivas de políticos brasileiros em Israel após o início dos conflitos com o Irã. Em nota, o Itamaraty afirmou que tenta uma viagem das autoridades estaduais e municipais por terra até a fronteira com a Jordânia, assim que as condições de segurança em Israel permitirem.

“O ministro das Relações Exteriores manteve contato hoje [sábado] com seu homólogo da Jordânia, com o objetivo de abrir uma alternativa de evacuação por aquele país, quando as condições de segurança em Israel permitam um deslocamento por terra até a fronteira”, informou o Itamaraty em comunicado.

Segundo a pasta, o governo brasileiro tomou conhecimento da presença de duas comitivas de autoridades estaduais e municipais brasileiras em Israel, a convite do governo do país. O comunicado ressalta que as operações do aeroporto Internacional de Tel Aviv estão suspensas desde o início dos bombardeios como uma das consequências da crise, por causa da interdição do espaço aéreo em Israel, no Iraque e no Irã.

O Itamaraty também confirmou conversas com diplomatas israelenses. Segundo o ministério, a embaixada do Brasil em Tel Aviv está em contato com as delegações de políticos brasileiros, e o Ministério das Relações Exteriores contatou o Ministério de Relações Exteriores de Israel para que duas comitivas tenham garantias de segurança e possam retornar ao Brasil assim que as condições naquele país permitirem.

“O secretário de África e Oriente Médio manteve contato telefônico com seu homólogo da chancelaria israelense, ocasião em que pediu tratamento prioritário à saída em segurança das delegações brasileiras. Até o momento, autoridades israelenses têm aconselhado as comitivas estrangeiras a permanecerem no país, até que as condições permitam qualquer deslocamento desses grupos por via aérea ou terrestre”, destacou o comunicado.

Feira de segurança

As comitivas de políticos brasileiros estavam participando de uma feira de tecnologia e segurança em Israel quando foram surpreendidas pelo início do conflito entre o país e o Irã. As delegações estaduais e municipais estão abrigadas em bunkers subterrâneos para escapar das bombas e dos drones vindos do Irã.

Na sexta-feira (13), o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, havia informado, por meio das redes sociais, que a Câmara está atenta para garantir a segurança e o retorno das autoridades que estão em Israel. Entre os políticos nos bunkers subterrâneos, estão o prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União Brasil), e de João Pessoa, Cícero Lucena (Progressistas).

Fonte: Agência Brasil

STJ garante isenção de PIS e Cofins na Zona Franca de Manaus

Em uma decisão histórica e unânime, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) assegurou que as operações de venda de mercadorias e prestações de serviços realizadas por pessoas físicas e jurídicas na Zona Franca de Manaus (ZFM) não estão sujeitas à incidência de PIS e Cofins. O julgamento do Tema 1239, concluído na quarta-feira (11), representa uma das mais relevantes vitórias jurídicas em favor da economia da região Norte nas últimas décadas.

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas (Fecomércio-AM) teve papel decisivo no processo, sendo representada por um grupo seleto de advogados de renome nacional. Com atuação como Amici Curiae, os escritórios Amaral & Puga Advocacia e Consultoria Empresarial, com sede em Goiás e Brasília, Almeida Silva Advogados Associados, do Amazonas, e Brandão Ozores Advogados, de Manaus, contribuíram tecnicamente com o STJ na construção de uma decisão que refletisse não apenas a complexidade jurídica do tema, mas, sobretudo, a importância estratégica da ZFM para o Brasil.

Decisão que protege a economia, a população e a soberania nacional

A decisão do STJ reconhece que a sistemática de incentivos fiscais da Zona Franca de Manaus, prevista constitucionalmente, visa ao desenvolvimento sustentável da Amazônia e à redução das desigualdades regionais. Ao afastar a incidência de PIS e Cofins nas operações realizadas dentro da ZFM, o tribunal assegura a competitividade das empresas instaladas na região e evita uma sobrecarga tributária que poderia comprometer empregos, investimentos e a arrecadação local.

Mais de 55% da população do Amazonas vive nos municípios diretamente beneficiados pela ZFM — Manaus, Rio Preto da Eva e Presidente Figueiredo —, e a manutenção do modelo tributário diferenciado é vital para a continuidade das cadeias produtivas que sustentam a região.

“Essa vitória reafirma que os incentivos fiscais da Zona Franca não são privilégios, mas instrumentos legítimos de justiça fiscal e de política pública para o desenvolvimento regional. O STJ foi sensível aos argumentos técnicos e constitucionais apresentados”, destacou o advogado Dalmo Jacob do Amaral Júnior, sócio do Amaral & Puga e um dos principais tributaristas do país.

Atuação técnica de excelência nacional

A sustentação jurídica apresentada ao STJ foi construída com base em estudos técnicos, dados oficiais e fundamentos constitucionais. A equipe do escritório Amaral & Puga contou ainda com os advogados Daniel Puga e Fernando Morais de Oliveira, especialistas em Direito Tributário, Constitucional e Processo Civil, com atuação reconhecida em instâncias superiores e em tribunais arbitrais.

Já pelo lado do escritório Almeida Silva Advogados Associados, a defesa dos interesses regionais foi conduzida pelos experientes advogados Hamilton Almeida Silva, ex-secretário de Fazenda dos estados do Amazonas e de Rondônia, e Milton Carlos Silva e Silva, advogado e economista com sólida formação em Direito Tributário e Gestão de Negócios. Destaca-se ainda a atuação do advogado Luiz Felipe Ozores, do escritório Brandão Ozores Advogados.

Ambos os escritórios atuaram de forma integrada com a Fecomércio-AM para demonstrar, com embasamento técnico e jurídico, os impactos que uma tributação indevida causaria à população, às empresas e à própria lógica constitucional da Zona Franca de Manaus.

Reconhecimento da importância da ZFM para o Brasil

A Fecomércio-AM representa mais de 64 mil empresas, reunidas em sete sindicatos, nos setores do comércio, serviços e turismo. A entidade tem sido protagonista na defesa dos interesses econômicos e sociais do Estado do Amazonas, e sua participação no julgamento foi essencial para garantir que os ministros do STJ tivessem uma visão abrangente sobre a realidade regional.

Estudos apresentados pelos advogados demonstraram que, embora em 2010 a ZFM representasse 17% do total dos gastos tributários do país, atualmente responde por cerca de 8,5% — o equivalente a R$ 25 bilhões dos R$ 284 bilhões em benefícios fiscais concedidos nacionalmente. Isso reforça que a ZFM não é um privilégio fiscal desproporcional, mas um mecanismo legítimo de equilíbrio federativo e proteção estratégica da Amazônia brasileira.

A decisão do STJ, ao reconhecer o direito das empresas da Zona Franca à não incidência de PIS e Cofins, preserva um modelo que gera empregos, arrecadação e sustentabilidade, contribuindo para a soberania econômica e ambiental do país.

Foto: Divulgação