A Rússia emitiu um alerta aos Estados Unidos nesta quarta-feira, pedindo que o país evite fornecer apoio militar a Israel em meio à escalada de tensões com o Irã. Segundo o Ministério das Relações Exteriores russo, tal apoio poderia agravar o conflito no Oriente Médio, trazendo consequências imprevisíveis para a região.
A declaração veio após relatos de que os EUA estariam considerando reforçar sua assistência militar a Israel, que enfrenta crescentes atritos com o Irã. O porta-voz do ministério russo, em comunicado, afirmou que “qualquer ação que intensifique o confronto armado deve ser evitada, e os EUA, como principal aliado de Israel, têm a responsabilidade de atuar com cautela”.
As tensões entre Israel e Irã se intensificaram nas últimas semanas, com trocas de acusações e incidentes que aumentaram o temor de um conflito aberto. A Rússia, que mantém laços com o Irã, posicionou-se como mediadora, defendendo uma solução diplomática para evitar uma guerra de maior escala. O governo russo também criticou o que classificou como “postura beligerante” de Israel, instando todas as partes a priorizarem o diálogo.
Autoridades norte-americanas ainda não responderam oficialmente ao alerta russo, mas fontes do Departamento de Estado indicaram que os EUA continuam comprometidos com a segurança de Israel, seu aliado estratégico. Analistas apontam que o posicionamento da Rússia reflete sua tentativa de manter influência no Oriente Médio, enquanto busca conter a expansão do conflito.
O alerta de Moscou ocorre em um momento delicado, com a comunidade internacional acompanhando de perto os desdobramentos na região.
ONU acompanha conflito
A Organização das Nações Unidas (ONU) expressou preocupação significativa com a escalada do conflito entre Israel e Irã, especialmente após os ataques aéreos israelenses contra instalações nucleares e militares iranianas iniciados em 13 de junho de 2025.
O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, condenou veementemente qualquer escalada militar no Oriente Médio, com ênfase particular nos ataques israelenses a instalações nucleares iranianas. Ele pediu “máxima contenção” de ambos os lados para evitar um conflito regional mais amplo, que poderia ter “consequências globais devastadoras”.
Em 13 de junho de 2025, durante uma sessão de emergência do Conselho de Segurança, Rosemary DiCarlo, Subsecretária-Geral para Assuntos Políticos e de Construção da Paz, reiterou a necessidade de de-escalada e diplomacia para aliviar as tensões em uma região já sobrecarregada por conflitos. Ela destacou que os ataques israelenses ocorreram em um momento delicado, durante negociações entre Irã e EUA sobre o programa nuclear iraniano.
O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, alertou sobre os “graves riscos” à segurança nuclear decorrentes dos ataques israelenses a instalações nucleares iranianas, como o sítio de enriquecimento de urânio em Natanz. Grossi afirmou que “instalações nucleares nunca devem ser atacadas, independentemente do contexto ou das circunstâncias”, pois tais ações violam os princípios da Carta da ONU, do direito internacional e do estatuto da AIEA. Ele destacou que os ataques podem comprometer a segurança nuclear e a estabilidade regional.
A AIEA confirmou que os ataques israelenses causaram impactos diretos na infraestrutura subterrânea de Natanz, potencialmente danificando ou destruindo milhares de centrífugas, e está em contato constante com a Autoridade Regulatória Nuclear Iraniana para avaliar os impactos na segurança nuclear.
A ONU enfatizou que a resolução pacífica por meio de negociações é o melhor caminho para garantir que o programa nuclear iraniano permaneça pacífico. DiCarlo observou que os ataques israelenses ocorreram em meio a avanços diplomáticos significativos, como a planejada retomada das negociações EUA-Irã em Omã, que foram comprometidas pela escalada militar.
Guterres e outros representantes da ONU instaram todas as partes a priorizarem o diálogo e a evitarem ações que possam levar a uma “conflagração mais ampla”.
Em uma sessão de emergência do Conselho de Segurança em 13 de junho de 2025, houve um consenso geral entre os membros sobre a necessidade de de-escalada e diplomacia. A representante da Guiana, presidente do Conselho em junho, pediu que todas as partes se comprometam a não escalar ainda mais o conflito.
O representante do Irã no Conselho de Segurança, Amir Saeid Iravani, acusou Israel de ser um “regime terrorista” e de violar a soberania iraniana, alertando sobre os riscos radiológicos dos ataques a Natanz. Ele também acusou os EUA de cumplicidade por seu apoio a Israel. Em resposta, o representante dos EUA, McCoy Pitt, defendeu a busca por uma resolução diplomática, mas reiterou que o Irã não pode adquirir armas nucleares.
A ONU observou que a escalada ocorre em um momento em que o Conselho de Segurança já estava lidando com questões relacionadas ao programa nuclear iraniano. Em maio de 2025, o Conselho de Governadores da AIEA adotou uma resolução declarando o Irã em violação de suas obrigações de não proliferação, citando atividades em sítios nucleares não declarados e falta de cooperação com investigações da AIEA. Essa resolução levantou a possibilidade de reimpor sanções da ONU ao Irã, o que pode ter contribuído para o contexto dos ataques israelenses.
Outros países, como China, França, Alemanha, Reino Unido e estados regionais, ecoaram o chamado da ONU por contenção, condenando a escalada e expressando preocupação com as violações do direito internacional.
Especialistas da ONU, em um comunicado de abril de 2024, já haviam alertado que ataques militares retaliatórios entre Israel e Irã violam o direito à vida e devem cessar imediatamente. Eles destacaram que os ataques israelenses de 1º de abril de 2024 contra um consulado iraniano na Síria violaram a Carta da ONU, especificamente o Artigo 2(4), que proíbe o uso de força contra a soberania de outro estado. Da mesma forma, a resposta iraniana foi considerada ilegal, pois a autodefesa só é permitida contra um ataque armado em curso.
No contexto de 2025, os ataques a instalações nucleares foram vistos como uma violação dos princípios da Carta da ONU e do direito internacional, especialmente por envolverem alvos civis e nucleares.
Fonte: Agência Brasil