A ministra da Cultura, Margareth Menezes, defendeu nesta terça-feira (2/4) uma distribuição mais equilibrada dos recursos captados por meio da Lei Rouanet entre todas as regiões do país. Ela foi ouvida em audiência pública promovida pela Comissão de Educação e Cultura (CE).
Margareth Menezes anunciou a liberação de R$ 24 milhões captados por meio da Lei Rouanet para a Região Norte. Projetos aprovados pelo Ministério da Cultura naqueles estados seriam financiados por recursos do Banco da Amazônia, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e dos Correios. A segunda medida destina R$ 5 milhões para projetos desenvolvidos em favelas de Salvador, Belém, São Luís , Fortaleza e Goiânia.
“Identificamos um histórico muito concentrado na região Sudeste, especialmente nas cidades de Rio de Janeiro e São Paulo. Estamos fazendo ações para fortalecer o que já existe, mas também uma ação justa que atenda a um apelo da sociedade: que o fomento chegue a todos os lugares”, disse a ministra da Cultura.
Segundo Margareth Menezes, a Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei 8.313, de 1991) — nome oficial da Lei Rouanet — gerou um impacto de R$ 49 bilhões na economia brasileira entre 1993 e 2018. No ano passado, foram liberados R$ 2,3 bilhões para 3 mil ações culturais.
A ministra da Cultura destacou a importância de iniciativas como a Lei Paulo Gustavo (Lei Complementar 195, de 2022) e a Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (Lei 14.399, de 2022). A primeira prevê o repasse de R$ 3,8 bilhões para profissionais do setor, enquanto a segunda destina R$ 3 bilhões ao ano para financiar projetos culturais.
“Apenas 0,57% do Orçamento da União é investido na cultura. É como se, de cada R$ 100, apenas R$ 0,57 fossem dirigidos o setor. Mas o retorno que a cultura dá equivale a 3,11% do Produto Interno Bruto. O setor cultural é formado por uma gama vastíssima de profissionais, que compõem uma cadeia produtiva imensa, exitosa e que traz muitas divisas para nosso país. Não somos vagabundos, temos famílias e cumprimos nossos deveres”, disse a Margareth Menezes.
“Alavanca”
A audiência pública foi sugerida pelo senador Flávio Arns (PSB-PR), presidente da CE. Ele afirmou que a cultura deve ser “uma alavanca, um instrumento essencial para a unidade do país”.
O senador Izalci Lucas (PL-DF) cobrou mais fiscalização nos projetos financiados por meio da Lei Rouanet. Quando era deputado federal, em 1997, o parlamentar integrou uma comissão parlamentar de inquérito criada para apurar irregularidades na concessão de benefícios fiscais para a cultura.
“Detectamos milhares de falhas, inclusive com desvio de recursos e incentivos fiscais superfaturados. Muitas empresas usaram incentivos em proveito próprio, com shows e eventos. Havia mais de 20 mil processos sem análise na prestação de contas”, lembrou.
O senador Fabiano Contarato (PT-ES) declarou a Constituição de 1988 considera a cultura como “parte fundamental para dar dignidade às pessoas”. A senadora Teresa Leitão (PT-PE) destacou o empenho de Margareth Menezes na “reconstrução” do Ministério da Cultura, recriado em 2023. O senador Wellington Fagundes (PL-MT) destacou o papel do Congresso Nacional na prorrogação da Lei Paulo Gustavo até dezembro deste ano.
Fonte: Agência Senado / Foto: Pedro França/Agência Senado