Os ativistas pró-Palestina que seguiam a bordo do veleiro Madleen, interceptado por Israel quando tentava alcançar a Faixa de Gaza, foram transferidos para o aeroporto de Tel Aviv para serem repatriados, anunciou a diplomacia israelense nesta terça-feira (10).
“Os que se recusarem a assinar os documentos de expulsão e a abandonar Israel serão apresentados a uma autoridade judicial, de acordo com a lei israelita, para que seja autorizada a sua expulsão”, indicou o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel, na rede social X, acrescentando que os ativistas se encontravam no aeroporto com os cônsules dos respectivos países.
O Madleen, com 12 ativistas a bordo, incluindo a ativista sueca Greta Thunberg, foi interceptado na manhã de segunda-feira (9), quando tentava chegar à Faixa de Gaza com ajuda humanitária. O veleiro chegou na noite de segunda-feira ao porto israelense de Ashdod, escoltado por dois navios da marinha de guerra de Israel.
A Coligação da Flotilha da Liberdade (FFC, na sigla em inglês), que fretou o barco, confirmou que os militantes estavam sob custódia das autoridades israelenses e que “poderiam ser autorizados a partir de Tel Aviv”. “Continuamos a exigir a libertação imediata de todos os voluntários”, escreveu a organização na mesma plataforma, considerando que a detenção é “ilegal” e “viola o direito internacional”.
O veleiro, com cidadãos franceses, alemães, brasileiros, turcos, suecos, espanhóis e holandeses a bordo, partiu da Itália em 1º de junho com o objetivo de “romper o bloqueio israelense” à Faixa de Gaza, que enfrenta uma grave crise humanitária após mais de 20 meses de guerra, desencadeada pelo ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 contra Israel.
Entre os tripulantes estavam o brasileiro Thiago Ávila, a eurodeputada franco-palestina Rima Hassan e dois jornalistas. A FFC, criada em 2010, é um movimento internacional não violento de apoio aos palestinos, combinando ações de ajuda humanitária com protesto político contra o bloqueio imposto à Faixa de Gaza.
Imagens partilhadas pela organização mostram os ativistas com coletes salva-vidas de cor laranja, de mãos no ar no momento da interceptação, alguns a entregar os telemóveis, conforme instruções recebidas. Pouco antes, alguns lançaram os aparelhos ao mar.
A França afirmou ter transmitido “todas as mensagens” a Israel para garantir a “proteção” dos seus seis cidadãos a bordo e para que “possam regressar a solo francês”, declarou na segunda-feira o presidente Emmanuel Macron, classificando o bloqueio humanitário a Gaza como um “escândalo”. A Turquia condenou a operação israelense, classificando-a como um “ataque odioso” e uma “violação flagrante do direito internacional”.
O governo brasileiro também se manifestou na segunda-feira. Em nota, o Itamaraty destacou que “acompanha com atenção a interceptação, pela Marinha israelense, da embarcação Madleen” e instou o governo israelense a libertar os tripulantes detidos, recordando o princípio da liberdade de navegação em águas internacionais. O Brasil também reforçou “a necessidade de que Israel remova imediatamente todas as restrições à entrada de ajuda humanitária em território palestino, de acordo com suas obrigações como potência ocupante”.
Em 2010, uma flotilha internacional com cerca de 700 passageiros, partida da Turquia com o mesmo objetivo de romper o bloqueio a Gaza, foi travada por uma operação militar israelense que resultou na morte de 10 ativistas.
O governo israelense, liderado por Benjamin Netanyahu, acusou na segunda-feira Greta Thunberg e os outros ativistas de encenarem uma “provocação midiática com o único objetivo de se autopromoverem”. Israel enfrenta uma crescente pressão internacional para pôr fim à guerra. Segundo a ONU, os bombardeios diários destruíram grande parte da Faixa de Gaza, onde a população está em risco de fome devido ao cerco e às severas restrições à entrada de ajuda humanitária.
Fonte: Agência Brasil